Debate: os socialistas e a questão do trabalho sexual
Com a tradução de seis artigos publicados pela revista International Socialism, Mundo Invisível contribui para o debate sobre a posição dos socialistas diante do trabalho sexual
Read MoreCom a tradução de seis artigos publicados pela revista International Socialism, Mundo Invisível contribui para o debate sobre a posição dos socialistas diante do trabalho sexual
Read MoreOs ataques do jornalista Eduardo Moreira, do ICL Notícias, à plataforma Fatal Model reacenderam o debate sobre qual é e qual deveria ser a posição da esquerda sobre o trabalho sexual e as pessoas que o exercem.
Read MoreEm artigo especial para a Ponte Jornalismo, Monique Prada e Amara Moira dizem que o debate sobre trabalho sexual segue refém do sensacionalismo e do pânico moral, igualando gente considerada progressista à escória do reacionarismo.
Read MoreTrabalhadora sexual discute a conduta deplorável do New York Post.
Read MoreJornal de direita é criticado até por deputada norte-americana.
Read MoreÉ necessário para a manutenção do patriarcado que a prostituição seja sempre vista como a pior ocupação para uma mulher.
Se fosse diferente cada vez mais mulheres estariam do lado de cá, negando aos homens algo que eles sempre exigiram de graça, com sorriso no rosto, casa limpa e comida pronta. Isso quando não tomam de nós à força.
Laura Lee
Você pode se reconhecer em algumas das coisas que estou prestes a dizer. Você pode não se reconhecer completamente – em todo caso, obrigada, amigo. Estou enormemente inspirada em Panti Bliss e seu maravilhoso filme “Rainha da Irlanda”, em sua luta pelo casamento igualitário para a comunidade LGBT e quero mostrar meu reconhecimento.
Hoje em dia, se revelar uma trabalhadora sexual é como se revelar um homossexual nos anos 1970, mais notadamente na Irlanda. Eu experiencio de tudo, da inquietação à minha volta até medo, ódio explícito e violência aberta. Putafobia, e o estigma intrínseco, podem matar.
Talvez não tenha causa que me sensibilize mais e desperte mais minha solidariedade do que a das trabalhadoras sexuais. Talvez porque historicamente mulheres transexuais e travestis estiveram (e estão) ligadas ao trabalho sexual quer queiram, quer não.
Read MoreClara Lobo
Dias atrás, uma amiga me confidenciou ter ouvido, no vestiário do dojo de artes marciais que frequento, uma conversa de quatro moças sobre a minha pessoa. Elas comentavam que eu era uma vagabunda por ter feito sexo com um dos colegas. Puseram-se a enumerar meus outros defeitos: eu era feia, não tinha peito nem bunda… enfim, elas não entendiam o que o rapaz vira em mim. Duas delas namoravam colegas do dojo, o que, no meu parco e parvo entendimento, fez-me crer que elas também tivessem feito sexo com eles, mas quem sou eu para alegar tal similitude de ações se eu era indubitavelmente a vagabunda, enquanto elas, indubitavelmente, não?
Das melhores coisas que me aconteceram durante este período em que estive trabalhando como prostituta, e me expondo, mantendo pouco segredo e distância entre a minha vida pessoal e profissional, foram as amizades que conquistei. Conheci gente das mais diversas atividades e idades, seja nos programas, seja em eventos ou encontros de internautas. Conheci muita, muita gente legal mesmo – mas também aprendi assim que nem todas as pessoas que se aproximavam eram verdadeiramente isentas de preconceitos. Muitas simplesmente fascinadas pelo (que consideram ser) ‘underground’ ou pelo que de exótico conseguem perceber na figura de uma prostituta que escreve acabam se aproximando sem abrir mão de estereótipos e conceitos endurecidos do que pensam que somos. Da dificuldade de nos enxergarem como mulheres normais e iguais, que apenas exercem uma atividade diferente, acabam surgindo determinados comportamentos que em si trazem o preconceito velado.
Read More