AMMAR: 30 anos de luta por direitos na Argentina
Georgina Orellano
Em 11 de março de 1995 nasceu na Argentina a Associação de Mulheres Meretrizes (AMMAR).
Depois da revolta nas celas prisionais de Flores, Constitución e Once, as mulheres que trabalhavam na rua levantaram sua bandeira: poder trabalhar em liberdade e parar de serem presas.
Da batalha pela revogação dos códigos de contravenção à luta pelo reconhecimento do trabalho sexual, das assembleias no porão da Central de Trabajadorxs da Argentina (CTA) a fazer parte da construção da CTA, de nascer na Cidade de Buenos Aires a ter uma organização com alcance federal, das oficinas sobre HIV às oficinas de formação política e sindical, de ir a espaços feministas e ouvir como outras pessoas falavam por nós a ter nossa própria voz, de pagar a polícia para nos deixar trabalhar a lutar contra a corrupção policial, de nos esconder por medo da rejeição social a nos chamarmos PUTAS sem tantos rodeios e sem tanta vergonha.
De começar com caixas de preservativos e caminhadas pelo bairro a ter uma casa com serviços de assistência social e jurídica, uma cozinha comunitária, uma escola, um espaço próprio construído por e para xs trabalhadorxs sexuais.
Três décadas de chutar portas, policiais, passar pela coleta de impressões digitais, dormir em celas, ser tratadas como se não valêssemos nada pelo feminismo branco, não ser ouvidas pelo Estado, ver como foram aprovadas leis que acabaram por provocar mais criminalização contra nós, como a polícia matou uma das nossas, e hoje continuamos a exigir justiça para Sandra Cabrera.
Chegamos até aqui de cabeça erguida e com os saltos muito gastos. Pelas Putas de San Julián, por Ruth Mary Kelly, por Sandra Cabrera, Fátima Olivares, Moni Lencina e tantas irmãs que nos ensinaram a nunca parar de lutar.
Comemoraremos nosso 30º aniversário na Universidade Nacional de Ciências Sociais nesta sexta-feira, 14 de março, às 18 horas, no Salão Rodolfo Walsh.
Esperamos poder contar contar sua presença em uma jornada de vindicação da nossa luta sindical.
Trabalho sexual é TRABALHO!!!
Longa vida ao Sindicato de Putas!!!

Georgina Orellano é uma trabalhadora sexual argentina, feminista e ativista pelos direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores do sexo. É secretária-geral nacional da Associação de Mulheres Meretrizes da Argentina (AMMAR) e autora do livro Puta feminista – historias de una trabajadora sexual (2022).