Lançamento PutaFeminista BH
Monique Prada lançou o livro “Putafeminista” em debate com Amara Moira e Santuzza Alves de Souza na Casa do Jornalista, em Belo Horizonte. O encontro foi gravado por MidiaNinja.
Read MoreMonique Prada lançou o livro “Putafeminista” em debate com Amara Moira e Santuzza Alves de Souza na Casa do Jornalista, em Belo Horizonte. O encontro foi gravado por MidiaNinja.
Read MoreE então, finalmente, terminei de ler o livro de estreia de Amara Moira, E se eu fosse puta? – lançado em agosto pela editora Hoo.
Em meio a um voo bastante turbulento – e eu, morrendo de inveja do parceiro da poltrona ao lado, imerso em sono tão profundo que chegava a roncar. Voo quase tão turbulento quanto tem sido minha vida desde que entrei no putativismo. Amara me fazendo companhia, e eu mergulhando em suas histórias como a aeronave mergulhava em nuvens carregadas, para em seguida voltar a navegar firme e tranquilamente.
Por Henrique Marques Samyn
A elevada qualidade do livro de Amara Moira transparece já no texto que abre E se eu fosse puta: ali se faz presente toda a pluralidade temática que perpassa os escritos reunidos na obra. A ansiedade da estreia nas ruas; a tensa relação com os clientes – oscilando entre o prazer e o perigo, para usar a expressão consagrada pelo título do crucial volume organizado por Carole Vance; a experiência de construção (por vezes catártica, por vezes dolorosa) de novos modos de exercício da sexualidade; enfim, o relato de um tornar-se que traz à tona vivências e prazeres que os guardiões dos bons costumes preferem relegar às sombras, onde podem conhecê-los sem colocar em risco uma reputação alicerçada na hipocrisia.
Read MoreNão dá pra fugir do assunto “tráfico” (muito embora o mais conveniente seja simplesmente grudar na parede um cartazinho dizendo “apoiamos o enfrentamento ao tráfico humano”, outro com “somos contra a exploração sexual de menores” e assunto encerrado).
Não dá pra fugir do assunto “tráfico humano” quando se quer tratar de modo sério e responsável a questão do trabalho sexual.
Não dá pra ignorar o que dizem as leis sobre nosso consentimento ser irrelevante quando se trata de viajar para trabalhar em outra cidade-estado-país – e de que modo isso afeta o nosso trabalho e mesmo as estatísticas sobre tráfico humano para exploração sexual.
Montse Neira, 52, exerce a prostituição há 22 anos e acaba de desvelar sua vida em um livro. “Apesar de não ser uma profissão idílica”, diz ela, permitiu-lhe “que saísse da pobreza, fosse feliz e estudasse.”
Neira, que há poucos anos formou-se em Ciência Política na Universidade Autônoma de Barcelona, explica: “As prostitutas são mulheres como as outras, com os mesmos desejos e necessidades, com a nossa família, os nossos filhos e os nossos problemas, e nosso único pecado é o desejo de deixar de ser pobre.”