Putafobia e Violência

Nova York: trabalhadoras sexuais imigrantes dizem ser vítimas da polícia, não de traficantes

Elizabeth Nolan Brown, para a revista Reason

Pela segunda vez desde setembro, o New York Times traz o perfil dos tribunais criminais especializados criados no estado de Nova York para lidar com casos de prostituição, conhecidos como “tribunais de intervenção em tráfico humano”. Este, em Queens, acolhe principalmente os casos de acusadas latino-americanas e asiáticas, incluindo um grande número de imigrantes não documentadas. Muitas voltaram-se para o trabalho sexual por causa de dívidas e da falta de outras oportunidades de trabalho.

Essa é, evidentemente, exatamente a legião que excita os homens brancos salvadores. Todas aquelas trabalhadoras sexuais nascidas nos EUA e que estão no Twitter podem insistir que querem direitos, e não resgate, mas sem dúvida essas outras mulheres, de baixa renda e pouca educação, são vítimas. Sem dúvida elas vão agradecer pelo fato de o Estado estar sendo usado para ajudar a resgatá-las de suas vidas miseráveis.

Só que não. As mulheres com quem o Times conversou “frequentemente não se definem a si mesmas como tendo sido traficadas”.

“Em várias sextas-feiras, quase uma dúzia de mulheres disseram durante entrevistas conduzidas em mandarim que elas não se sentiam vítimas de tráfico humano, e sim vítimas da polícia.”

Enquanto algumas agradeciam pelos serviços sociais com os quais se conectaram por intermédio do tribunal, elas não agradeceram pelas prisões e audiências no tribunal que foram necessárias para chegar lá. “Ainda estamos prendendo-as a um ritmo muito rápido”, disse ao Times Leigh Latimer, o advogado da Sociedade de Auxílio Legal designado para o tribunal. “Estamos tentando resolver os problemas delas por meio de prisões, o que não é um processo afirmativo.”

Até agora em 2014, foram feitas no Queens 686 prisões sob acusações de contravenções como prostituição e vadiagem (em contraste, o tribunal viu apenas 15 processos contra traficantes de pessoas).

Trabalhadoras sexuais que passam pelos Tribunais de Intervenção em Tráfico Humano de Nova York podem optar por uma série de sessões de aconselhamento ao invés de penas de prisão. Se elas ficam longe de problemas por seis meses, as acusações são removidas de seus prontuários. Embora isso certamente seja melhor do que impor penas de prisão e prontuários criminais para todas ela, no ano passado quase 40% dos casos não terminaram em aconselhamento, mas nas punições tradicionais para prostitutas.

“As mulheres que aceitam acordo com o tribunal comparecem a sessões de aconselhamento em grupo de tempo integral, uma vez por semana”, diz o Times. Não dá para imaginar que seja financeiramente fácil para mulheres de baixa renda – trabalhadoras sexuais ou não – perderem o salário de um dia inteiro, uma vez por semana, por seis semanas, ou conseguirem arranjar tempo livre para isso, do trabalho ou do cuidado com as crianças. Mas pelo menos elas podem aprender alguma habilidade útil que as ajude a começar a ganhar dinheiro em uma vida pós-prostituição, certo?

“… Elas frequentemente começam o dia com yoga, e então aprendem sobre os procedimentos do tribunal, seus direitos e leis sobre prostituição.”

Que elas comam yoga, queridas! Quem precisa ganhar a vida quando tem boas intenções do seu lado?