Putafobia e Violência

Urgente: ativista do Strass é preso em Paris ao falar com trabalhadoras sexuais

O ativista Thierry Schaffhauser sofreu abuso policial na véspera do Dia Internacional Pelo Fim da Violência Contra Trabalhadoras Sexuais.

Comunicado conjunto do Strass (Sindicato do Trabalho Sexual da França), da Acceptess-T, da Act Up Paris, da Cabiria, do Coletivo 8 de Março Para Todas, do Coletivo de Mulheres de Strasbourg-St. Denis e do Transgender Support Strasbourg:

Em 16 de dezembro, por volta da meia-noite, Thierry Schaffhauser, membro e fundador do Strass, estava distribuindo panfletos e camisinhas quando foi preso no Boulevard Barbès, no 18º distrito de Paris.

Ele foi acusado de ter falado com uma trabalhadora sexual.

Os policiais à paisana então cometeram atos de violência contra ele, incluindo estrangulamento e sufocação. Ele foi algemado, com as mãos às costas, e levado para a delegacia de polícia de La Goute d’Or, sem ser notificado dos motivos para sua prisão e sem poder pedir a assistência de um advogado. A trabalhadora sexual com quem ele estava falando e a quem dava camisinhas também foi presa e levada à mesma delegacia de polícia.

Declarações homofóbicas e racistas foram feitas durante a prisão, incluindo ‘É por causa de gente como você que as mamas trazem mulheres africanas para prostituição na França’.

Thierry Schaffhauser foi examinado por um médico de perícias de emergência, que emitiu um atestado de ITT (interrupção temporária de trabalho) e constatou numerosos ferimentos relacionados às condições violentas e desproporcionais de sua prisão.

Essa prisão ilegal e injustificada é apenas um dos muitos exemplos do que as trabalhadoras sexuais enfrentam em toda a França, especialmente no fim do ano, quando é tempo de cumprir cotas. Ela confirma a prática da polícia de intimidar clientes e extorquir depoimentos contra trabalhadoras sexuais, para impedi-las de trabalhar nas ruas.

Também é uma ilustração escandalosa da criminalização crescente da solidariedade com prostitutas. A legislação contra o trabalho nas ruas e qualquer criminalização do trabalho sexual são, de fato, um obstáculo a quaisquer formas de solidariedade com trabalhadoras sexuais, e eles a aplicam para colocá-las em completo isolamento, uma vez que o mero fato de falar com elas te torna um suspeito aos olhos da polícia. Se a penalização de clientes fosse adotada, isso aumentaria esse tipo de incidentes e confirmaria que é proibido falar com trabalhadoras sexuais.

Uma reclamação formal será apresentada em breve à Corregedoria Geral da Polícia Nacional, com o Strass como litigante civil.

Para dizer não a toda a violência, inclusive institucional e policial, vamos nos manifestar amanhã, em 17 de dezembro, em Paris, Lyon e Toulouse.

O comunicado do Strass está disponível aqui.