Direitos

A grande imprensa cumprindo seu papel de defesa do status quo: agora, é o Libération

Pelo jornalista Renato Martins, em seu Facebook:

Nos últimos dias, a imprensa internacional tem publicado artigos contra a posição que a Anistia Internacional estuda adotar diante do trabalho sexual: a de que a criminalização não faz mais do que agravar a negação de direitos às trabalhadoras e tornar suas condições de trabalho ainda mais difíceis e arriscadas. E o Libération entrou nessa.

Não tenho visto artigos com a posição contrária, de defesa dos direitos das trabalhadoras. É a grande imprensa cumprindo seu papel de defesa do status quo. Assim como no abaixo-assinado das celebridades de Hollywood na semana passada, o argumento – desta vez do movimento Femen – é o de que a descriminalização equivale a “legalizar o cafetão”.

Pergunto: se os professores são explorados, as escolas deveriam ser colocadas na ilegalidade? E os bancos, e o comércio, e toda a indústria? A regulamentação da atividade é um dos poucos instrumentos que os trabalhadores de qualquer setor têm para impedir que os abusos dos patrões se tornem extravagantes demais. A exploração que os abolicionistas dizem existir no mundo da prostituição existe mesmo – mas existe em todos os setores, o capitalismo se baseia nisso.

Legalizar o trabalho sexual daria às trabalhadoras pelo menos os instrumentos legais para defender seus direitos – e obrigaria muitos empresários do setor a saírem da escuridão da semiclandestinidade e a melhorarem as condições e os contratos de trabalho.

E não adianta usar o argumento do “tráfico de pessoas”: essa gente não dá a mínima para o tráfico de trabalhadores e a exploração do trabalho escravo na indústria têxtil, na agricultura e em outros setores. Mas quando se trata de trabalho sexual, a histeria é total.

Clique aqui e acesse a matéria do Liberatión: “Contre le choix pro-prostitution d’Amnesty International”.