#Partido69

7 trabalhadoras sexuais mais capacitadas para governar o mundo do que Donald Trump

Stormy Daniels não é a única que poderia superar o POTUS1Sigla de president of the United States.

Texto de Hanna Chubb para Marie Claire. Tradução de Monique Prada.

Conselho gratuito para trolls de internet (e a assessoria legal da Casa Branca): não venham pra cima de Stormy Daniels. Caso você tenha perdido: Daniels, também conhecida como Stephanie Clifford, a estrela de filmes adultos envolvida em uma batalha de fake news com o presidente President Donald Trump, é uma potência a ser reconhecida. Como vimos no episódio de 60 Minutes (“Ele sabe que estou falando a verdade”) ou no Twitter (“Eu NÃO vou a lugar algum”), Daniels não está aceitando merda de Trump—que continua negando o caso que teve com ela, apesar do acordo de $130,000 assinado apenas alguns dias antes da eleição de 2016 para silenciar sobre este assunto.

Uma trabalhadora sexual, como define a Organização Mundial de Saúde (OMS), é qualquer pessoa que individualmente recebe compensações por performar um serviço sexual, podendo ser uma escort, stripper ou atriz de filmes adultos. Recentemente, trabalhadoras sexuais começaram a falar mais do que nunca contra a estigmatização, demandando que o reconhecimento de sua profissão é legítimo e que elas são cidadãs de valor. As trabalhadoras sexuais do país se uniram para realizar o Sex Workers’ Festival of Resistance, uma marcha em Bourbon Street protestando contra o fechamento de clubes de strip tease pelo NOLA, e o movimento Stripper Strike em Nova York. Infelizmente, elas estão fazendo isso na era Trump, um homem que zoa as mulheres que o incomodam com “bimbos” e que, através de suas políticas públicas e de suas ações privadas, tem mostrado que não dá a mínima para os direitos das mulheres.

A América é diversa, em constante evolução e merece mais, então criamos uma pequena lista de profissionais do sexo – as mesmas mulheres que Trump considera “nojentas” – que achamos que fariam melhor o trabalho de Trump do que Trump. Porque o estigma é estúpido e profissionais do sexo são seres dignos.

1. Gizelle Marie


Gizelle Marie sabe como unir as pessoas em torno de uma causa. Marie, uma stripper de Nova York, começou uma revolução em todo o país quando deu início à campanha #NYCStripperStrike para conscientizar as pessoas sobre as condições injustas de trabalho às quais são submetidas as dançarinas nos clubes de striptease, em especial as mulheres negras. Hoje, ela incita as suas companheiras trabalhadoras sexuais para que boicotem empregadores sexistas e racistas, num esforço para deixar claro que strippers são trabalhadoras que merecem direitos como quaisquer outras. Ela também tem domínio sobre as mídias sociais, usando seus perfis no Instagram e Twitter para manter o fogo da luta aceso. Como ela diz em seu Insta, com mulheres como ela no comando, “nós só temos a ganhar”.

2. R.J. Thompson

R.J. Thompson se autodefine como um “queer de sangue Cherokee com profundas raízes sulistas”, e tem trabalhado para superar seu status de minoria para apoiar outras ativistas. Além de trabalhar como go-go dancer e ator de filmes pornô, Thompson é um defensor dos direitos humanos e diretor do The Sex Workers Project no Urban Justice Center, uma organização que prove apoio legal e serviço social para trabalhadoras sexuais e sobreviventes do tráfico humano. A lista de grupos que ele liderou ou participou é realmente espetacular, inlcuindo a US Human Rights Network, a National Gay and Lesbian Task Force, e a Anistia Internacional nos Estados Unidos. Para completar, ele é um fisiculturista vegano. Trump, por outro lado, come McDoubles na cama.

3. Charlotte Rose

Charlotte Rose é ocupadíssima. Em 2013, ela venceu o Sex Worker of the Year no Sexual Freedom Awards, um evento anual britânico que premia a excelência na indústria do trabalho sexual; em 2014, ela concorreu a cargo eletivo nas eleições de sua cidade; e hoje, ela é a apresentadora de um popular programa sexo-positivo de rádio no Reino Unido, intitulado Rose Talks Sex. Rose é uma sex-trainer, londrina, dominatrix, e se orgulha tanto de ser uma acompanhante independente quanto uma candidata independente, fazendo campanhas pela liberdade sexual. Sua plataforma destaca seu desejo de falar por indivíduos discriminados que não podem falar por si mesmos, em especial os deficientes e os idosos. Enquanto os tuítes de Trump muitas vezes revelam o desejo de restringir a liberdade de imprensa, Rose luta ativamente contra a censura. Notavelmente, em 2014 ela usou sua plataforma para organizar um protesto em frente ao Parlamento londrino como parte do movimento #PornProtest, impulsionado pela censura anti-pornô nos Estados Unidos. Seu mantra político é “uma Rosa (Rose) contra os espinhos”, e ela argumenta que  há muitos mais preocupados com a economia do que aqueles que a administram.

4. Ceyenne Doroshow

Aos 45 anos, Ceyenne Doroshow, uma mulher trans, foi encarcerada por 28 dias numa prisão masculina. Ela foi presa por ser uma prostituta, e desde então se tornou uma defensora não apenas das trabalhadoras sexuais, mas também de pessoas trans e mulheres em todos os lugares. Ela ocupou cargos de liderança em muitas organizações sem fins lucrativos, mas acabou criando a sua própria: Gays and Lesbians Living in a Transgender Society, mais conhecida como GLITS. O GLITS fornece apoio a profissionais do sexo trans e que precisam de asilo. Doroshow não é apenas uma especialista em transformação social, ela também é muito legal. Ela participou de um grande documentário e também publicou um livro de culinária, Cooking in Heels, onde apresenta receitas e histórias sinceras sobre como ela superou a adversidade com a ajuda de seu amor pela culinária.

5. Anna Saini

Anna Saini é uma mulher queer não branca muito orgulhosa, assim como escritora, acadêmica e ativista. Tendo crescido na classe trabalhadora, Saini começou a se prostituir para seu próprio sustento. Agora, ela é uma ativista comunitária lutando contra o encarceramento em massa, o policiamento racista, e contra a guerra às drogas, com especial atenção em tornar o uso medicinal da maconha mais acessível. Ela trabalha obstinadamente para tornar a vida melhor para comunidades de baixa renda. Saini também escreveu e contribuiu para antologias sobre o processo de recuperação de agressões sexuais, incentivando outras pessoas a falar suas verdades. Quem você preferiria para governar o mundo livre: uma sobrevivente de agressão sexual lutando por justiça ou um suposto predador sexual?

6. Amber Rose

Se você conhece Amber Rose apenas por ter sido a ex-namorada stripper de Kanye West ou a mãe do bebê de Wiz Khalifa, você deveria sentir vergonha. Há muito mais para saber sobre ela do que isso. Uma feminista que não pede licença, Rose está ansiosa para mostrar ao mundo que as mulheres não devem ser reduzidas a seus corpos. Ela usa sua presença pública para lutar pelos direitos das mulheres, desmantelando noções pré-concebidas sobre o trabalho sexual e nominando os slut shamers. Na verdade, ela ressignificou o termo “vadia”. Em outubro de 2017, aconteceu a terceira Amber Rose SlutWalk, um festival anual completo com exames de câncer de mama, testes de HIV e uma marcha contra a injustiça sexual e a desigualdade de gênero. Algo nos diz que se Rose fosse presidente, ela não iria repelir o financiamento do Title X, ou dizer às mães que amamentam que elas são “nojentas”. Em um país onde o presidente reduz mulheres a “cadelas”, Rose se recusa a parar de latir por suas irmãs.

7. Brooke Magnanti

Até novembro de 2009, Brooke Magnanti era conhecida pelo mundo pelo seu pseudônimo, Belle de Jour, sob o qual ela publicou dois best-sellers sobre seu trabalho como uma garota de programa em Londres. Depois de deixar o mundo saber de que modo ela pagou por sua faculdade, Magnanti trabalhou incansavelmente para provar que trabalhadoras sexuais podem ser seres humanos inteligentes. Seus livros acabaram inspirando a série Secret Diary of a Call Girl, e ela escreveu um outro livro científico bastante popular intitulado The Sex Myth, que discute a política sexual a partir da perspectiva de uma trabalhadora sexual. Ela tem mestrado em epidemiologia genética, um Ph.D. em ciência forense, trabalha como pesquisadora da saúde infantil e realizou uma extensa pesquisa sobre a ligação entre o câncer de tireoide na Inglaterra e as consequências do desastre de Chernobyl na Ucrânia. Ela também está do lado de Daniels no Twitter: “Stormy Daniels está fazendo pressão e mantendo uma história em movimento, algo que muitas pessoas não querem ou não podem fazer. Mais poder para ela.” Mais poder para todas elas.