Trabalhadoras sexuais, ativistas e políticos debatem a questão do trabalho sexual – estigma, visibilidade e direitos
PUTA DEI – Dia Internacional da Prostituta:
No dia 2 de junho de 1975, 150 prostitutas ocuparam uma igreja em Lyon, na França, para denunciar as violências e perseguições que sofriam por parte da polícia e dos poderes municipais, fato que marca o início do movimento organizado de prostitutas no mundo. A partir daí, as associações que foram se criando através do mundo passaram a marcar a data como o Dia Internacional das Prostitutas, promovendo eventos alusivos à data, num dia de festa mas também de reflexão e lutas. No Brasil, a partir de 2012 convencionou-se chamar a festa de Puta Dei*, tendo sido realizada pela primeira vez pelo GEMPAC, do Pará. A proposta é realizar um evento que traga um pouco da irreverência e do humor do movimento de puta como uma forma de lutar contra o estigma e preconceito, principais obstáculos para a conquista de nossos direitos.
Porto Alegre comemorou pela primeira vez o Dia Internacional das Prostitutas no ano de 2004, em evento realizado pelo GAPA, com desfiles e muita festa. Mas antes disso já o NEP, em 1996, havia realizado, com o apoio da Prefeitura de Porto Alegre, um grande Encontro Municipal de Prostitutas, com duração de 3 dias, na Usina do Gasômetro.
Em 2015, para não deixar a data passar em brancas nuvens, decidimos marcar a data com um debate no dia 9 de junho, uma semana depois do dia oficial, para garantir a presença de ativistas importantes de outras partes do país e com isso não só dar novo fôlego ao movimento no sul do país como também promover a integração e troca de experiências e realidades diversas entre profissionais brasileiras e de outros países, como já temos feito há alguns anos através das plataformas sociais.
Convidamos não só as trabalhadoras sexuais porto-alegrenses mas a todas as pessoas que compreendem a importância deste movimento que dá voz a mulheres e questões historicamente invisibilizadas a estarem conosco na data.
Monique Prada
Trabalhadora sexual, ativista digital, coeditora do projeto Mundo Invisivel.ORG.
Plenária Livre: Trabalhadoras sexuais – visibilidade, direitos, dignidade
Local: Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul
Praça Marechal Deodoro, 101 – Centro – Porto Alegre – RS
Sala Adão Pretto
Data: 9 de junho de 2015
PROGRAMAÇÃO
17h30min – Recepção
18h – Abertura e apresentação das debatedoras e convidados, composição da mesa
18h15min
– Trabalho e Clandestinidade – perversidades da perpetuação do estigma na vida de mulheres prostitutas, por Monique Prada (trabalhadora sexual, feminista e ativista digital)
– Iluminando o Tabu: Prostituição, direitos humanos e autonomia da mulher, por Tâmara Biolo (advogada e ativista pelos direitos humanos).
– Historicamente Invisíveis – de como mulheres, e em especial prostitutas, apesar de seu papel inegavelmente decisivo na história da humanidade e nas grandes revoluções, tem sido violentamente apagadas e silenciadas através dos tempos, por Indianara Siqueira (prostituta, ativista, transfeminista).
– Prevenção Combinada: um outro caminho possível para pensar a prevenção ao HIV/Aids para as populações chaves, por Adriano Costa (Secretaria Estadual da Saúde)
– Mas não era pra ter vergonha? – A experiência de relatar o dia a dia de uma prostituta através de um blog autoral, por Amara Moira (travesti, escritora, feminista, prostituta e doutoranda em teoria literária pela Unicamp).
– Putas santas, Putas putas: questões de escala e o que nos une, por Sílvia Beatriz Mendonça (antropóloga, doutoranda no programa de pós-graduação em
Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina, atua principalmente
nos seguintes temas: gênero, identidade, pesca e prostituição).
– Dinâmicas de vivência em diferentes ambientes de trabalho, por Luelen Gemelli (trabalhadora sexual)
19h15min – Espaço para debate e perguntas.
20h30min – Exibição de documentário Janete, Minha vida não é um romance, da Panda Filmes – com direção de Tatiana Sager, o curta conta a história de Janete Oliveira, atriz, prostituta e ativista, uma das pioneiras no movimento articulado de prostitutas porto-alegrenses, entre os anos 1980 e 2000.
21h – Encerramento.
(Após o encerramento, receberemos os convidados para um sarau literário, em local ainda a ser confirmado).
Atenciosamente,
Monique Prada
Mundoinvisivel.ORG