Cultura

San Francisco: festival de artes mostra capacidade de organização das trabalhadoras

De 15 a 24 de maio acontece o 9° Festival de Cinema e Artes das Trabalhadoras Sexuais da Área da Baía de San Francisco, em várias cidades em torno de San Francisco (Califórnia).

O evento, que é realizado a cada dois anos, é gigantesco – um testemunho da capacidade de iniciativa e de organização das trabalhadoras sexuais daquela região. É uma verdadeira aula para quem tem interesse na formação de lideranças e na criação e condução de organizações de defesa dos direitos das trabalhadoras sexuais.

Cito um comunicado à imprensa das organizadoras:

“O festival tem dado um fórum para as trabalhadoras sexuais que produzem filmes e vídeos desde 1999. Desde então, o festival se expandiu e se tornou um palco para performances, oficinas de trabalho, artes visuais, organização política e partilha de conhecimentos e habilidades. O festival reconhece e honra prostitutas, dançarinas, atores e atrizes pornôs e outras trabalhadoras sexuais de diversas comunidades – que têm sido membros dinâmicos e integrais das comunidades de artistas desde tempos imemoriais.

“Eventos que já se tornaram tradicionais incluem o Instituto de SexWorkologia e o Banho das Putas Shannon Williams, em Oakland (nosso spa de cura mágica dedicado a Shannon Williams, uma amiga e grande líder que morreu em janeiro). Este ano, Gina Gold abre o festival com “Sex Worker Diaries”, em coprodução com TMI Storytelling e também apresentando Julia Query (diretora de ‘Live Nude Girls Unite!’), Simone de la Getto e Jana Drakka. O festival apresenta Queenie Bon Bon, em apresentação solo, ‘Deeply Leisured’, direto da Austrália, abrindo com Lexi Lipstick em um trabalho com ‘Born Again Pervert’. Uma série de oficinas de trabalho para trabalhadoras sexuais por Sangria Red culmina nos ‘Solilóquios de Trabalhadoras Sexuais’, um trabalho coletivo baseado em apresentações solo de Mariko Passion, Incredible Edible Akynos e Cinnamon Maxxine.

“Juba Kalamka é a hostess da SuperFesta $pread Book Launch, com música de Vixen Noir (que lança seu novo CD, Dangerous). Entre as leitoras do $pread estão Scarlot Harlot, Fabulous e a convidada especial professora Mirreille Miller-Young, que também lança seu novo livro, ‘A Taste For Brown Sugar: Black Women in Pornography’. Os artistas da palavra falada incluem também Catherine Plato, Tucson’s Kym Cutter e Mack Friedman.

“Eventos para a comunidade incluem ‘Trabalho Sexual NÃO É Tráfico’, um debate e apresentação de filmes para a comunidade sobre o uso cada vez maior das trabalhadoras sexuais, jovens, imigrantes, pessoas de cor e outras comunidades como bodes expiatórios, sob o pretexto de combater o tráfico de pessoas. O SWAG (Grupo de Ação das Trabalhadoras Sexuais, de Kingston, Canadá) se junta ao festival neste ano para apresentar ‘Human and There: A Community Event Against Violence’, mobilizando a resistência e tratando das condições que cercam a violência contra trabalhadoras sexuais e mulheres transgênero de cor.

“Desde 1999, o festival já exibiu mais de 300 filmes. Eles são apresentados em vários lugares, incluindo a exibição de uma maratona de trabalhos de trabalhadoras sexuais no cinema Roxie Theater, no sábado, 23 de maio (com um brunch com strippers masculinos no Centro para Sexo e Cultura!). 2015 traz um novo foco em famílias e comunidades de trabalhadoras sexuais. ‘Born to Porn’, dos EUA, apresenta Nina Hartley, e ‘I am a Sex Worker’, do grupo ativista cultural CiudadaniasX, do Peru, também estão programados como parte do evento ‘I’m A Sex Worker’, patrocinado pelo SWOP Bay Area. ‘Remedy’ explora os aspectos bom, mau, ofensivo, cruel, histérico e simplesmente esquisito do mundo do BDSM comercial, sem fazer julgamentos. Vídeos do mundo todo retratam as entusiasmadas trabalhadoras sexuais ativistas que ficamos conhecendo com a expansão do movimento na África, por meio do trabalho de grupos como SWEAT e Sisonke. Filmes sobre rituais pagãos e ecossexuais, entre eles ‘Holy Milf’, encerram o dia. Neste ano, o festival também patrocina o Fórum dos Cineastas, uma exibição e discussão informal na qual cineastas e o público têm uma oportunidade de examinar as tendências do cinema das trabalhadoras sexuais.

“A fundadora do festival, Carol Leigh, também conhecida como Scarlot Harlot, diz que ‘as trabalhadoras sexuais têm um excelente ponto de observação para ver hipocrisias, dos parlamentares que usam nossos serviços e depois patrocinam políticas que nos criminalizam ainda mais, aos pretensos salvadores que dizem nos ‘resgatar’, mas só aumentam nossa vulnerabilidade. Essa visão-de-puta da sociedade se reflete neste corpo de trabalho das trabalhadoras sexuais.'”