Combatendo o estigma

Não são nossos filhos!

Por Santuzza Souza

Passeando pelos textos e comentários internet afora, observo que sempre no auge das indignações os autores escrevem “filho da puta”. Aliás, nas tretas da vida, toda a vez que se quer ofender, humilhar, rebaixar alguém, o chamam de “filho da puta” – como se fosse “imoral” ser filho daquela que sai de casa todos os dias para prestar seu serviço, trabalhar como qualquer outra trabalhadora para sustentar casa e família e assim, tentar dar aos seus a dignidade que a sociedade hipócrita e cruel insiste em dizer que não temos, por sermos putas.

Insistem em nos imputar a responsabilidade de ter parido os piores filhos desta sociedade doente, cada dia mais machista, homofóbica, racista, assassina.

Não! Esses não são nossos filhos, como vocês fazem questão de vociferar. Os nossos, os filhos paridos por nós, são criados de maneira que cresceram, crescem e crescerão com uma mentalidade completamente diferente desses que vocês dizem serem os nossos filhos.

Acredito que já é hora de pararem para pensar e não nos citarem mais em tudo que está relacionado ao ruim, ao desonesto, ao imoral.

Deixo aqui uma pergunta que ao mesmo tempo é uma reflexão, você permitiria que seu filho (a) namorasse o (a) filho (a) de uma puta?


Santuzza Souza é mãe, prostituta, feminista, ateia e atleticana.

4 comentários sobre “Não são nossos filhos!

  • Falou tudo, San. Eu passei a usar “filho de um Temer” pra ofender. Não consigo pensar em algo mais baixo nível que ele.

  • Esquecer de falar que é também escritora, parabéns!

  • Perfeita a sua primeira vez… Belo texto, simples, direto e na jugular. Parabens!!!

  • Permitiria. Mas, com toda sinceridade, não ficaria radiante.

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